proxima parada (?)

Sentado com suas roupas envelhecidas, manchadas pelo tempo e pelo transito, trafego da cidade, exibia um sorriso sem endereço entre um trago e outro meio à fumaça, os automóveis. Os olhos tranqüilos se embriagavam com o anuncio de um novo espumante  nesses dias de maio. O sol dentre outras nuvens de brumas bem mais tranqüilas se expunha com a mesma leveza que as saias das meninas – sem nenhuma pressa. O relógio aponta e o que marca é o atraso de um tempo que a chegar ainda se custa ou quase nunca. A cidade insiste em se expandir pra que aqui nas ondas do radio, todos os sonhos – seu mundo inteiro – tendam a vagar. Há tanto ai pra ver. Têm sido rigorosos os dias e suas manhas geladas por aqui no sul do país, mas sente-se que todos tomaram das ruas pra algum lugar de tanta pressa. Lar algum se encontra, por isso anda. Pra tantos, são presas fáceis. Nos painéis: liquidação. E estão mesmo liquidados.

Enquanto se critica com a cidade e sua solicitude aparente, acena e toma da condução pra o outro lado enquanto o filho da mãe natureza vaza de seus ouvidos a todo som. Os olhos estranhos não mudam quando passa, por isso sempre a janela parece sempre uma boa idéia e se diz-
Trair.

Trai sempre alguém que o confiou estar sempre ali com os olhos em cima. Querem mais que se ver é serem vistos com a tensão de um só momento que bom ou não já tanto importa ao que os gestos não se podem revelar. Melhor deixar pra lá.

No decurso do trajeto trágicas comedias poderiam ser lidas nas paredes, nos jornais; mas sempre os sons no ouvido são de vindos de algum lugar divino em paz com as distorções, com as emoções freqüênciadas num tom qualquer de azul; de calçada e violão. Mas nem sempre é de tanta poesia os dias nesses tempos de maio ao meio.

Não há destino algum que cumpra com o caminho a se deixar pra trás com as rodas, no asfalto úmido da cidade, nos ruídos todos dessa idade, não há mais necessidade, de se armar na alma o amor com calma, os dias hoje são mais correntes que décor e o que faz do seu sonho de maio um som maior? Hoje é de trinta, tantos planos se puseram para trás, tantos outros nunca mais, tantos tanto ainda faz se tanto faz ainda o que se conta mesmo é que tanto ainda é um e ainda é outro e ainda é plano, e é como ouro, nunca é demais. Eu disse que gostava do sorriso. Não disse muito, Sorriu-se só quando se ia. Não disse adeus. Disse: ate mais. Fiquei eu na condução com a condição de que pairava sobre mim qualquer razão, que fosse tudo, que fosse o mundo, que tanto agora, já no “entretanto” ficara eu com um sonho a frente ou um já não mais?

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