Curitiba

Um homem pede silêncio às costas do edifício no centro da cidade. Não havia ali ninguém pra ver aquela altura, a rua estranhamente deserta aquele ponto e as imediações no mesmo estado se iluminavam com os faróis das sinaleiras fechando e abrindo o trafego pra poucos, pouquíssimos carros e, mesmo quase ninguém dos poucos que se haviam despertos perto dali prestaram atenção ao som que se fazia

Pouco antes as quatro daquele dia, ou, mais precisamente, à vinte e sete disto, tocou o despertador programado no aparelho celular que desta vez não se encontrava perdido entre as roupas sujas de uma noite anterior e sim a cabeceira do criado mudo que fez se ouvir rangendo junto aos gritos histéricos gravados noutra festa qualquer que aquela altura já nem se lembrava mais e já caíra ao habitual de um tanto faz pra um argumento se assim fosse questionado. Mas também não houve. Ninguém ouviu quando no escuro ainda lançou-se com seu frágil corpo humano o homem de nome aqui desimportante ao decurso desta historia, - tantos outros se lançavam boquiabertos, bocejantes, por todo lado algo se acontecia, até o homem pedindo o silêncio como antes no largo que já se erguia. Sim. Eu também fingia preocupar, mas na verdade me embriagava com memórias de outro mar, com as pedras em forma e canto, com o movimento dos barcos que aqui não há pra ver, e o olhar de acalanto que então não vira mais. Sim! É evidente. Eu também pedi silêncio. Afinal, é o que sempre faz a gente quando tudo é bestial. É, eu tambem segui em frente.

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