UMA HISTORIA BOREAL

Segui as pistas e cai na emboscada. ja estava perdido, encurralado no desfiladeiro. foi quando ele surgiu. Me chamou pelo nome, e me levou por uma caverna. Fomos entrando em direção ao centro, como que à procura de um coração (pupila dilatada) ou de uma alma; ou de uma alga... Mas o que surgiu foi um precipicio, e ele me empurrou. Quando eu acordei, na praia, só me lembrava do alto mar. Só via ondas rolando. Ele estava rezando, e só parou no por-do-sol. À noite, começou a contar uma estória: ''Vinha de longe, muito longe. Muito além do além do norte, onde ele era um velho sábio. ou um guerreiro índio? Mas um dia fugiu seguindo uma luz no céu em busca de algum Deus. Cavalgou as planícies, pelo tempo e pelo sol. Ate que um dia parou, deitou e fechou os olhos e a luz veio ate ele. Ele era Deus. E, passou a ser tudo e todos. Milhoes de vidas, milhoes de historias diferentes. Ele era as plantas berrando. Ele era a maré vazando. Ele era os sóis se locomovendo. Ele era as moléculas. Ele era os animais se extinguindo. Ele era os assassinos. Ele era a chuva. Ele era os olhos. E olhando os meus olhos, começou a falar de mim. Do meu cabelo e da minha pele. Do meu signo e do meu futuro. Pegou minha mão, e falou de vibrações e de uma certa agitação no ar. Mas voltou a contar que no meio de suas viagens pelo fundo do mar, ele encontrou nosso planeta e nele, o enigma da extinção. O signo da morte. Eu arregalei os olhos, e perguntei: 'Não vai sobrar ninguém?' E ele respondeu, 'Talvez, numa outra galáxia' E eu chorei até apagar a fogueira; quando ele me mandou partir. E eu fui. Mas ele me seguiu, e tentou me chamar. Mas sua voz uniu-se ao vento, e no silêncio, transformou-se em canção
fim.