TUDO MESMO É SEMPRE UM TCHAU

UM ABANDONO de mim com as coisas e delas comigo coisas que bem ou nao me passam junto, porem, contudo, o sol ainda ilumina a parte escura de meu ceu de dentro, de maneira que me engana o tempo e esgana todo.
Primeiro eu perco o sono, em seguida a vontade de recupera-lo; perco o conforto pela cama e edredons, e me levanto disperso pela escuridao do meu quarto de dormir que me arranca as vistas; chuto a quina de um movel inofencivo e perco um tanto mais de sangue pelo corte que se abre em meu pé descalço e branco, perco a paciencia enquanto procuro, cego e manco, o interruptor da luz e me demoro, chegando a cozinha, perco a sede em um gole demorado em agua fresca, perdendo ainda meu calor conquistado no abrigo de cobertores e noite inteira. Vejo atraves da janela e suas frestas o ceu pintado de azul e lamento a noite perdida. ha sempre algo no ceu pra nos distrair,e eu perdi tambem, sem me dar conta perco o sol nascente, e com certa resignação, adentro o banheiro e perco urina, halito abafado de dia anterior, barba, bosta, roupa, fios de cabelo pelo ralo, sujeiras pelo corpo e telefonemas de pessoas que nunca vou saber quem eram. Volto a cozinha e perco a fome com mordidas repe-
tidas em um pao dormido recheado com queijo e, no caminho em direção a porta eu estruturo um poema, que me coloco apressado a anotar no verso da conta telefonica. (se teu sonho acorda meus desejos/ lampejos de sorrisos adormecem em minha boca/ e nesta engenharia de engrenagem rouca/ nao ha pensamento que...) e percoa palavra que em poucos instantes banhava de lirismo o meu verso, e junto tambem a ela, me parte, de malas e um desapontado olhar voltado pra tras, toda a minha inspiração.

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