ainda cego



Espreguiço e estalo uns dedos /articulo um dia bom com sol e sorte cada um evita a morte, eu faço o que posso no poço que me atirei sozinho. Catei os sonhos que deu durante o redemoinho que a TV anunciou - da pra acreditar, tubo pra ver novela? Tudo por causa dela... Eu não acordei o acordo e a corda com que me enforca logo se afrouxa o nó. No andar que a carruagem segue, logo - por mais que negue - será bem tarde pra esse mesmo céu que arde /um dia há de apagar - quem vai pagar a conta?

Você, quando me estará pronta pra mais afronta poder chorar? Acendo um cigarro ou dois, o carro é só pra depois - quando eu puder parar. Olho a vida do alto, todos ali no asfalto sempre indo pra algum lugar. Olho pro céu e clamo; choro e depois reclamo: quando é que vai voltar?

Sempre que olho pro lado; vejo quanto quão atrasado e nunca correr ou andar é mesmo o que vá contar... Veja e daqui pra lá, onde é que quer lhe estar?
Sigo comendo e rindo, de tudo e como vai indo, por mais que ache isso lindo, é sempre mais um sumindo, longe pra lá de lá. Deve de ser perfeito, maravilhoso. Ninguém voltou de fato, nem mesmo o mais do orgulhoso veio pra por se gabar. Eu que não tenho jeito, mesmo o mais curioso, vou, quando for - desgostoso, mesmo por aqui ficar. Fico preocupado /os problemas que isso irá causar. Tenho medo e sofro, mas gosto de imaginar.

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