ENTRE ESTRANHAS ENTRANHAS


Entre estranhas entranhas me peguei dormindo
Entre tanto e tão pouco não perdi foi nada nem mais. Tudo andava errado ou como se fora de um lugar ou fi- tava tudo errado e, eu me peguei dormindo. (um grito desesperado invade o infinito) Hey!

SOCOS
OCOS
ECOS
SECOS


(Um copo cai janela a fora, calçada abaixo, ao meio da noite da cidade num vôo incrível)
Nunca há ninguém pra ver

ECOS
DIMIN
UIDOS

ECOS
DE MIM
RUINDO

RINDO A TOA alguém me fita e foge
RUIDOS DE MIM AGORA! Gritos ensandecidos e canções de ardor e ação.

TUDO MESMO É SOBRE AMOR-
DAÇAR AS COISAS DO CORAÇÃO


ENTRE MIM
HASTEIA ESSA BANDEIRA
Entre min-
has teias deserdadas e cortinas a muito ignoradas, aceito resignadamente o peso do esquecimento. Aceito me afastar. A tensão das cordas da guitarra, junto à indecisão amorfa da fumaça, me evocam melodias e melancolias dispersas, incontidas de um espaço que já não se entende azul como o dos azulejos estendidos que corroboram quase que tristemente ao intrincado mosaico de meu tempo presente. Atenção as cordas da guitarra! Fantasmas e flores de uma grande cidade dançam e trançam sem medo noite à dentro a maldade.

A NOITE ME PASSOU CALADA E EU POR ELA EM PEDAÇOS a chuva me chorava as sombras, me fazia perceber. Aquela noite eu não dormi. Andava aos cantos com a casa, os olhos recém nascidos pra o novo. Andava cheio com o medo, mas sabia os por quês.
Foi então que às sete horas decidir me tomar das coisas que eu podia em carregar e me fui para a vida. Eu não me despedi de ninguém, prossegui meu caminho andando disperso e só através-
sei a porta depois de um trago a mais no
silêncio e culpa naquele lugar. Desci as escadas contando cada degrau e as lagrimas que me quiseram ficar. Tendo de um lado setembro e do outro a seqüência não revelada. Dali pra frente é ou-
tubro ou nada (Só penso e nisso)
Mesmo tudo
sem dó nem sentido
ainda faça algum destino – palavra aqui significa o fim.
Preciso de mim agora. De mim pra levar, e lavar a alma. Preciso me reencontrar. E vou me indo buscar por ai.
Cruzei os portões acendendo um cigarro e sentindo o frio daquela hora e cidade, andava atento e dobrei a esquerda meio a murmúrios da tarde e subi por onde tanto desci a noitinha. Na padaria um café pra acordar e tomei no ponto de parada um ônibus pro metrô. Da janela eu via emoldurada a cidade e o que eu deixava por lá. Eu via tudo em silêncio.
Algum tempo depois cheguei enfim a estação de metrô local, tomei daí o primeiro dos vagões com destino ao centro. Não havia muitas pessoas àquela hora por ali e eu não achava isso tão ruim, sentado ao meu lado ia um senhor de barbas brancas e com o peso do tempo nos olhos e o cansaço. Ele me desejou um bom dia, e tudo que consegui foi um leve arquear com as sobrancelhas em sinal e de acordo. Tive vontade em me chorar, mas, mais uma vez, me segurei... E o trem seguiu viagem.

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